Tradução: Cid Knipel
Editora: Globo
Publicação da edição lida: 2012
Primeira publicação: 1953
Páginas: 193 (tempo de leitura estimado no e-book: 2h30)
Adaptação: Filme de 1966 (trailer)
Sinopse
Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.
Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.
Um clássico de Ray Bradbury, "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.
Resenha
Como bem explicado na sinopse, o cenário do livro é uma sociedade futura onde o conhecimento é entendido como uma praga a ser combatida. As pessoas são proibidas de ter livros em casa e coisas simples como conversar com um amigo ou passear e apreciar a natureza são vistas como excentricidades.
É um livro muito interessante e um pouco aterrador, pois se pararmos para pensar, muitas coisas que ocorrem no livro já estão presentes no nosso tempo, ainda que de forma menos explícita. Todos os personagens têm uma vida superficial, estando sempre expostos a estímulos audiovisuais. Pode ser pelo uso de uma concha nos ouvidos, recebendo todos os tipos de informações - de músicas a comerciais, de forma ininterrupta. Ou através da "família" que está presente 24 horas por dia nos televisores instalados nas 4 paredes da sala.
Uma forma de diversão para os personagens do livro é correr altas velocidades de carro tarde da noite, sozinho ou com amigos, inclusive menores, pelo simples prazer do risco de morte. A vida não tem um valor significativo e pensar a respeito de si mesmo, ter senso crítico ou compartilhar e debater opiniões são atitudes fora do normal.
Guy Montag é o protagonista e começa a enfrentar uma crise existencial no momento em que conhece Clarisse, uma jovem apreciadora da natureza e de boas conversas com seu tio. Montag é um bombeiro. O detalhe é que nesse mundo os bombeiros não apagam incêndios e, sim, iniciam-os. Eles têm o dever de queimar a casa inteira na qual algum livro for encontrado, pois é crime ter e ler livros.
A leitura não é muito fluente e existem algumas partes bem abstratas, mas vale muito a pena. Principalmente se pararmos para analisar as semelhanças com o momento no qual vivemos. Pois hoje, na era digital, somos bombardeados de informações de todos os lados e, sinceramente, quanto tempo dedicamos para pensar sobre nossas vidas, sonhos, defeitos, enfim, para sermos críticos? Quanto tempo dedicamos às pessoas ao nosso redor, para conhecê-las, compartilhar momentos reais e não simples postagens de Facebook?
Avaliação: ★★★★
"Cada homem é a imagem de seu semelhante e, com isso, todos ficam contentes, pois não há nenhuma montanha que os diminua, contra a qual se avaliar. Isso mesmo! Um livro é uma arma carregada na casa vizinha. Queime-o. Descarregue a arma. Façamos uma brecha no espírito do homem." (p. 75 )
A-d-o-r-e-i!!!!
ResponderExcluirMuito obrigada! :)
ExcluirÓtima resenha Gabriela! Parabéns!
ResponderExcluirObrigada! Faz tempo que não visito teu blog, mas uma hora apareço!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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