quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu Sou a Lenda - Richard Matheson

Título original: I Am Legend
Editora: Devir
Publicação da edição lida: 2010
Publicação original: 1954
Páginas: 182 (tempo de leitura estimado no e-book:1h49)
Adaptação: Filme de 2008 (veja o trailer), muito melhor que o livro, na minha opinião.

Sinopse

O Último Homem.

Robert Neville é o último da sua raça e, aparentemente, o único humano sobrevivente num mundo infestado por vampiros.

Neville reina durante o dia, quando ele pode caçar impunemente. Mas os vampiros dominam a noite, quando Neville precisa ficar entrincheirado na sua casa, protegido por alhos e espelhos.

No entanto, por quanto tempo um único homem conseguirá resistir, quando todos os seres sobre a Terra querem o seu sangue? E qual será o preço que ele deve pagar por sua sobrevivência?



Resenha

Sim, é um clássico, inclusive inovador para a época na qual foi escrito (1954), mas eu não gostei. A temática é muito interessante, pois trata de contar um pouco sobre o último homem na terra, vivendo em meio a vampiros.

Ocorre que ele é um livro bem parado, sem muita emoção. Esperei acontecer algo grandioso durante toda a narrativa, mas me decepcionei. Medo ele não dá. Nem aquele medo de vampiros, nem do desconhecido, nem mesmo medo da solidão.

Pode ser que, se lido com outro estado de espírito, mais contemplativo talvez, seja possível entender as ações e emoções do personagem principal, Robert Neville.

Além disso, acredito que poderia ter uma descrição mais detalhada do início da epidemia no mundo e a razão da imunidade de Robert à praga.

Um ponto positivo é que ele é bem escrito, linguagem clara e simples. Mas não é daqueles livros que me causaram "ressaca literária". Inclusive acredito que o filme, excepcionalmente nesse caso, é melhor que o livro, se for analisar pelo lado da emoção.


Avaliação:★★★


"O último homem no mundo estava condenado a viver com suas ilusões." 
(p. 77)



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O Menino do Pijama Listrado - John Boyne

Título original: The Boy in the Striped Pyjamas
Tradução: Augusto Pacheco Calil
Editora: Cia. Das Letras
Publicação da edição lida: 2007
Publicação original: 2007
Páginas: 192 (tempo de leitura estimado no e-book:1h08)
Adaptação: Filme de 2008 (veja o trailer)


Sinopse



Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz idéia que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga.

Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

"Um livro maravilhoso." - The Guardian

"Intenso e perturbador [...] pode-se tornar uma introdução tão memorável ao tema como O diário de Anne Frank foi em sua época." - USA Today


"Um livro tão simples e tão bem escrito que beira a perfeição." - The Irish Independent




Resenha



Apesar de tratar do holocausto, que é um tema muito triste, o livro é maravilhoso. Demonstra de uma forma sensível a inocência das crianças. Tanto que Bruno, um dos protagonistas, refere-se a Hitler durante todo o livro, como "Fúria", ao invés de Führer, bem como "Haja-Vista", ao invés de Auschwitz.

Bruno é filho de um comandante nazista, que se vê obrigado a mudar de cidade junto com a família, em decorrência das obrigações do "trabalho" de seu pai. Bruno estava acostumado com a vida fácil em Berlim, com amigos e uma casa de cinco andares, objeto constante de explorações, sua brincadeira preferida. Muda-se, então, para Auschwitz, em uma casa ao lado, porém um pouco distante, do famoso campo de concentração. Nesse lugar, no entanto, não há amigos para brincar e a casa possui "apenas" três andares, o que o decepciona.

Bruno tem 8 anos e vê a vida com muita alegria, nunca passou nenhum tipo de necessidade, material ou afetiva, e não se dá conta, até o final do livro, do lugar onde se encontra e das barbaridades que ocorriam ao seu redor.

Em uma de suas explorações Bruno encontra um menino judeu, Shmuel, que vive do outro lado da cerca. Todos os dias, então, passam a encontrar-se e conversam muito, constroem uma amizade linda e muito verdadeiro. Bruno, não tendo a mínima noção do que acontece no campo, questiona-se por que não podem brincar juntos ou visitar a casa um do outro. Shmuel parece ser um pouco mais consciente da sua situação, mas como um menino de 8 anos, não a entende perfeitamente.

Além disso, Bruno vê o seu pai como um bom soldado, incapaz de cometer as barbaridades as quais Shmuel se refere. Então, apesar de ser uma história triste, é ao mesmo tempo uma grande lição nós todos, que deveríamos ver o mundo com os olhos de uma criança, acreditando na parte boa de cada pessoa e na amizade incondicional e desinteressada.

Livro muito recomendado! 


Avaliação:★★★★★


"Situações como aquela sempre deixavam Bruno num grande desconforto, porque, em seu coração, ele sabia que não havia motivo para faltar com a educação a ninguém, mesmo que a pessoa trabalhasse para você. Afinal, era para isso que existiam as boas maneiras. (p. 43)


A Ilha do Dr. Moreau - H. G. Wells

Título original: The Island of Doctor Moreau
Tradução: Braulio Tavares
Editora: Objetiva
Publicação da edição lida: 2015
Publicação original: 1896
Páginas: 145 (tempo de leitura estimado no e-book: 2h15)
Adaptação: Filme de 1977 (veja um trecho aqui) e Filme de 1996 (trailer em inglês)


Sinopse


À deriva, sem esperanças de sobreviver em alto mar, Charles Prendick é resgatado por um navio em missão das mais incomuns: levar a uma pequena ilha no Pacífico algumas espécies de animais selvagens. Ainda debilitado, Prendick é obrigado a desembarcar na ilha junto com o carregamento. Lá, ele conhece a figura do dr. Moureau, um cientista que, exilado por suas pesquisas polêmicas na Inglaterra, realiza experimentos macabros com seus animais. Uma parábola sobre a teoria da evolução, também uma mordaz sátira social, "A ilha do dr. Moreau" é um romance que, mais de cem anos após sua publicação original, permanece com a mesma força da surpresa e do horror.



Resenha


Apesar de o livro possuir uma boa pontuação no skoob (4,0), ser um clássico e adorado por muitos leitores do gênero, eu não gostei muito. O livro abarca dois gêneros que eu gosto muito: terror e ficção científica. A linguagem não é difícil e a narrativa é bem interessante, clara e detalhista, como outros livros de H.G. Wells.

Porém, algo no livro não me agradou. Não sei se foi a crueldade gratuita do Dr. Moreau, realizando experiências macabras em animais ou a falta de horror propriamente dito, visto o viés absurdo daquelas tentativas de humanização animal.

Claro que quando lemos um livro que trata de vampiros ou zumbis sabemos que é uma alegoria, que não existem de fato. Mas dependendo do livro, passamos a "acreditar" e temer esses seres. A Ilha do Dr. Moreau, entretanto, não me trouxe medo ou mesmo uma ínfima possibilidade de temer aquelas criaturas. Ao contrário, senti certa compaixão pelos espécimes do Dr. Moreau, uma vez que eram vítimas inocentes de uma crueldade humana, sendo que esta, a meu ver, existe desde os primórdios da humanidade.

Hoje, ao que saibamos, não há experiências nem mesmo remotamente semelhantes às do Dr. Moreau. Contudo, há guerras, egoísmo, poder e tantas outras selvagerias que tornam o ser humano o pior dos predadores.

Sendo assim, acredito que o livro traz algumas reflexões, mas não foi algo que me agradou, por isso a nota 3/5.


Avaliação:★★★


"Mergulhei nesse estado mórbido, profundo, duradouro, que não era propriamente medo, que deixou marcas permanentes na minha memória. Devo confessar que perdi minha fé na sanidade do mundo, quando vi o sofrimento desordenado que reinava naquela ilha." (p. 107)




sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O Vilarejo - Raphael Montes

Editora: Suma de Letras/Objetiva
Ilustrações: Marcelo Damm
Publicação da edição lida: 2015
Publicação original: 2015
Páginas: 69 (tempo de leitura estimado no e-book: 40min)
Adaptação: Não há, mas deveria existir! ;)


Sinopse


Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome.

As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.



Resenha


Que livro ótimo! Além de muito bem escrito, possui ilustrações belíssimas e, sim, sinistras! Tanto as histórias quanto as ilustrações são capazes de levar a imaginação do leitor ao extremo. 


É uma coletânea de contos maravilhosos, que estão relacionados entre si. No prefácio o autor esclarece que encontrou alguns livros antigos, pertencentes a uma senhora que faleceu recentemente, aos 102 anos. Os textos são escritos em cimério e ele não encontra ninguém que o ajude a traduzir, o que faz, então, por conta própria. 

Nos cadernos ele encontra um nome, “Peter Binsfeld”, um demonologista famoso que acreditava que havia um demônio para cada um dos pecados capitais. Seriam eles: Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba). Esta é apenas a introdução. Depois começam os contos, cada um tratando de um desses pecados. 

As histórias são incríveis, apesar de macabras! É um estilo de terror diferente de qualquer outro que eu tenha lido, pois o livro apresenta práticas cometidas por seres humanos, cruéis, sim, mas puramente humanos. Por isso talvez ele seja assustador. Tem algo de sobrenatural, mas o crédito vai todo para as histórias “reais” das coisas que aconteceram no Vilarejo, sendo que o autor tem a capacidade de interligá-las em todos os pontos. Eu, ao menos, não vi brechas. 

Terminei a leitura com um sorriso, achando incrível! Sei que parece estranho acrescentar um livro assim tão macabro aos meus favoritos, mas ele é perfeito, a meu ver! 

Recomendadíssimo!


Avaliação:★★★★★


"Identifiquei em muitas pessoas deste vilarejo uma propensão ao pecado. Como um reflexo do mundo, este lugar reunia toda a sorte de pessoas mesquinhas e lamentáveis de que sempre me orgulhei." (p. 65)



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Cor que Caiu do Céu - H.P. Lovecraft

Título original: The Colour Out of Space
Tradução: Celso M. Paciornik
Editora: Iluminuras
Publicação da edição lida: 2003
Publicação original: 1982
Páginas: 35 (tempo de leitura estimado no e-book: 30min)
Adaptação: Filme "Morte para um Monstro", lançado em 1965. É um filme apenas baseado no conto, modifica um pouco a história. Veja o trailer.


Sinopse


Os elementos que constituem a rara arquitetura de H. P. Lovecraft estão presentes nos contos de ´A Cor que Caiu do Céu´. Acontecimentos aparentemente inverossímeis, mas sem dar lugar ao acaso, fazem o leitor transitar trilhas obscuras, onde o inominável faz sua aparição, pondo a perder toda e qualquer ilusão de segurança. Os contos encerram estranhas sensações, prendendo o leitor que, fascinado e devorado pelo pavor que se desprende destas páginas, luta com as personagens na corda bamba da sanidade. Seus mitos expressam a grandeza e o terror imemorial do universo, e ele conseguiu traduzir em linguagem e emoção as criações mais estranhas, mais aberrantes e simbólicas da imaginação ocidental.



Resenha


Os acontecimentos se passam numa pequena cidade, Arkham. Tudo começa quando um meteorito cai na fazenda de Nahum, trazendo consequências inimagináveis para aqueles moradores. Lovecraf disse certa vez que "a emoção mais antiga e mais forte do homem é o medo, e o medo mais antigo e mais forte é o do desconhecido". Sem dúvida essas palavras se tornam realidade nos seus contos. Esse em especial, é extraordinário! Nos deixa apreensivos do início ao fim e causa um certo desconforto, diante daquilo que nos é exposto, em suas palavras tão bem selecionadas e em suas descrições tão precisas.

Será possível alguém demonstrar com precisão através de um filme os acontecimentos descritos nos contos de Lovecraft? Não é a toa que ele tenha um gênero próprio e seja referência para muitos autores de terror.

Imagino que seja melhor deixar a imaginação do leitor criar o visual dessas histórias contadas por Lovecraft. Pois a realidade é que, sim, o medo do desconhecido é mais antigo e mais forte que quaisquer outros medos. Neste conto o autor não descreve uma criatura conhecida por nós, seres humanos, como um vampiro, lobisomem ou mesmo um serial killer. É algo praticamente inimaginável, fora do comum, sem precedentes. E por ser assim, desconhecido, desperta tanto medo! 

Por um lado talvez seja bom mesmo não existirem filmes sobre as criaturas de Lovecraft, especialmente as desse conto. Mas será que esse é um nome apropriado? Criatura? Não sei, pois é impossível descrever com palavras o causador de medo nas pessoas daquela localidade (e no leitor). Impossível tentar explicar a alguém o fenômeno da charneca crestada. Apenas Lovecraft tem essa capacidade que, por sinal, é incrível.

Leitura recomendada para os amantes do gênero!


Avaliação:★★★★★


"Não gostaria de pensar em Ammi como a monstruosidade cinzenta, deteriorada e deformada que cada vez mais perturba o meu sono." (p. 35)


Nota 1: Encontrei esse site, que descreve com clareza mais detalhes desse conto: 
http://mundotentacular.blogspot.com.br/2010/03/o-terror-vem-do-espaco-anatomia-da-cor.html

Nota 2: E este outro com alguns filmes baseados nas obras de Lovecraft: https://blogdoheu.wordpress.com/2010/09/14/top-10-melhores-filmes-baseados-em-h-p-lovecraft/ 

Ainda não vi nenhum. Será que vale a pena "modificar" o que criei na minha imaginação?


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Silêncio dos Inocentes – Thomas Harris (Hannibal Lecter #2)

Título original: The Silence of The Lambs
Tradução: Antônio Gonçalves Pensa
Editora: Record
Publicação da edição lida: 2007
Publicação original: 1981
Páginas: 345 (tempo de leitura estimado no e-book: 7h10min)
Adaptação: Filme "O Silêncio dos Inocentes", lançado em 1991 (veja o trailer)

Sinopse


Cinco mulheres são brutalmente assassinadas em diferentes localidades dos Estados Unidos. Para chegar até o sanguinário assassino, uma jovem treinada pelo FBI entrevista o Dr. Hannibal Lecter, um brilhante psiquiatra, cuja mente está perigosamente voltada para o crime. Ao seguir as pistas apontadas por Lecter, a jovem se vê envolvida numa teia mortífera e surpreendente. Uma novela policial arrepiante, escrita pelo célebre autor de Domingo Negro. 



Resenha


O livro é o segundo volume da trilogia Hannibal Lecter, sendo que o primeiro volume é Dragão Vermelho e o terceiro Hannibal. É possível iniciar a leitura pelo segundo volume, sem estragar a história.

É uma ótima leitura, rápida, que desperta a curiosidade do leitor. É um misto de suspense e policial, não existindo um terror propriamente dito. Conta a história de Clarice Starling, estudante da academia do FBI, que é designada pelo seu superior para uma entrevista com o famoso psiquiatra Dr. Hannibal Lecter, mais conhecido como "Hannibal, o Canibal".

A entrevista tem como objetivo descobrir a identidade de Buffalo Bill, um serial killer que está assassinando mulheres em diversas cidades americanas. Como Dr. Lecter é um  psiquiatra renomado, sua ajuda é solicitada, mas óbvio que ele não o fará de bom grado.

Neste livro pouco descobrimos sobre Dr. Lecter, os outros dois contarão mais sua história e o motivo pelo qual hoje encontra-se preso e sob segurança máxima. Lecter é um criminoso cruel, conhecido por matar e comer suas vítimas. Ao mesmo tempo, é um homem extremamente inteligente, com enorme capacidade de observação e persuasão. Clarice, por outro lado, é uma moça insegura, preocupada com sua carreira no FBI, mas ao mesmo tempo muito determinada a encontrar Buffalo Bill.

Buffalo Bill também é um personagem muito interessante, que vai sendo criado aos poucos, podendo ser objeto de raiva por parte do leitor, mas também de uma certa compaixão, ou sentimento de pena. Enfim, não é um simples assassino, mas sim um personagem muito bem construído pelo autor, que dá sentido à narrativa.

Desta forma, é muito interessante o desenrolar da história e a maneira como o relacionamento de Lecter e Starling vai se moldando, principalmente por que, a cada resposta que Lecter fornece, deseja saber algo pessoal de Clarice. Aos poucos tudo vai tomando forma e sentido. Apenas no final do livro é que entendemos o significado do título original, pois "The Silence of the Lambs" traduzido literalmente para o português se torna "O Silêncio dos Cordeiros".

E Clarice Starling cresce muito no decorrer do livro, começando a entender as jogadas de Lecter e também adentrando mais em sua própria vida.

Assisti o filme antes, muitos anos atrás, mas isso de forma alguma atrapalhou na apreciação do livro. Ao contrário, tornou-o ainda mais interessante. Claro que vale frisar que o filme também é um clássico, com atuações extraordinárias de Anthony Hopkins e Jodie Foster.

Vale muito a pena a leitura!


Avaliação:★★★★★


"O que faz ele, Clarice? Qual é a primeira e a principal coisa que ele faz, a que necessidade ele atende matando? Ele ambiciona. Como a gente começa a ambicionar? Começamos ambicionando aquilo que vemos todos os dias." (p. 279)

sábado, 10 de outubro de 2015

O Sol É Para Todos - Harper Lee

Título original: To Kill a Mockingbird
Tradução: Beatriz Horta
Editora: José Olympio Editora
Publicação da edição lida: 2011
Publicação original: 1960
Páginas: 439 (tempo de leitura estimado no e-book: 4h50min)
Prêmios Recebidos: Pulitzer (1961)
Adaptação: Filme "O Sol é Para Todos", lançado em 1963 (veja o trailer)

Sinopse

Um dos romances mais adorados de todos os tempos, O sol é Para Todos conta a história de duas crianças no árido terreno sulista norte-americano da Grande Depressão no início dos anos 1930. Jem e Scout Fincher testemunham a ignorância e o preconceito em sua cidade, Maycomb – símbolo dos conservadores Estados do sul dos EUA, empobrecidos pela crise econômica, agravante do clima de tensão social.

A esperta e sensível Scout, narradora da trama, e Jem, seu irmão mais velho, são filhos do advogado Atticus Finch, encarregado de defender Tom Robinson, um homem negro acusado de estuprar uma jovem branca. Mas não é só nessa acusação e no julgamento de Robinson que os irmãos percebem o racismo do pequeno município do Alabama onde moram. Nos três anos em que se passa a narrativa, deparam-se com diversas situações em que negros e brancos se confrontam.

Ao longo do livro, os dois irmãos e seu pequeno amigo de férias, Dill, passam por tensas aventuras, grandes surpresas e importantes descobertas. Nos episódios vividos ao lado de personagens cativantes, como Calpúrnia, Boo Radley e Dolphus Raymond, aprendem e ensinam sobre a empatia, a tolerância, o respeito ao próximo e a necessidade de se estar sempre aberto a novas idéias e perspectivas.

O sol é Para Todos é o único livro de Harper Lee. Sucesso instantâneo de vendas nos EUA, que se tornou um grande best-seller mundial. Recebeu muitos prêmios desde sua publicação, em 1960, entre eles, o Pulitzer.

Traduzido em 40 idiomas, vendeu mais de 30 milhões de exemplares em todo o mundo e, em 1962, foi levado às telas com Gregory Peck - ganhador do Oscar por sua interpretação de Atticus Finch - Brock Peters, Robert Duvall e outros.

O Librarian Journal dos EUA deu sua maior honraria à história elegendo-a o melhor romance do século XX. Em 2006, uma pesquisa na Inglaterra colocou O sol é Para Todos no primeiro lugar da lista de livros mais importantes, seguido da Bíblia e de O senhor dos Anéis, de J. R. R. Tokien. Também entrou para a lista da Time Magazine dos Cem Melhores Romances de Todos os Tempos. 



Resenha

Um dos meus livros favoritos! Já faz um tempo que eu li, mas é um daqueles livros que marcam. Ele trata muito do preconceito racial nos Estados Unidos e, aliado a isso, da inocência das crianças no mundo adulto. Como seria bom se pudéssemos conservar essa visão pueril do mundo em nossas vidas adultas! Uma visão sem preconceito, inocente, sempre visando o bem para si e para o próximo.

Essa foi a marca que a leitura desse livro me deixou. A jovem Scout é uma criança encantadora e, em meio a suas brincadeiras com seu irmão, ela vai descobrindo como os adultos podem ser mentirosos, enganadores, cruéis. Mas isso não a torna igual a eles, ao contrário, tenta instigá-los sempre para o bom caminho.

O pai de Scout, Atticus, também é maravilhoso, um personagem marcante. Certamente Scout herdou a honra de seu pai, pois ele é um adulto com muita tolerância e despido de preconceitos. Ele encara a sociedade racista da época e defende um negro num julgamento por estupro. 

O desfecho do julgamento se dará apenas no final do livro, mas durante todo o livro histórias se cruzam e nos deixam pensativos a respeito do ser humano, do valor da vida humana, de como podemos ser melhores.

Leitura super recomendada!


Avaliação: ★★★★★



"- E daí eles perseguiram-no, só qu´nunca o apanhavam porque não sabiam como ele era, e depois Atticus, quando eles o encontraram, afinal 
não tinha sido ele qu´tinha feito aquelas coisas...

Atticus, ele era mesmo bom..

As suas mãos estavam por baixo do meu queixo, puxando 
as cobertas e aconchegando-as à minha volta.
- A maior parte das pessoas são assim, Scout, 
quando finalmente as conhecemos." (p. 434)

Zoo - James Patterson

Título original: Zoo
Tradução: Cláudio Carina
Editora: Arqueiro
Publicação da edição lida: 2015
Primeira publicação: 2012
Páginas: 273 (tempo de leitura estimado no e-book: 4h)
Adaptação: Série televisiva (trailer)


Sinopse


Algo está acontecendo na natureza. Uma misteriosa doença começa a se espalhar pelo mundo. Inexplicavelmente, animais passam a caçar humanos e a matá-los de forma brutal. A princípio, parece ser algo que se dissemina apenas entre as criaturas selvagens, mas logo os bichos de estimação também mostram suas garras e as vítimas se multiplicam.

A humanidade é presa fácil. Apavorado, o jovem biólogo Jackson Oz assiste a escalada dos acontecimentos. Ele já previu esse cenário alarmante há anos, mas sempre foi desacreditado por todos. Depois de quase morrer em uma implausível emboscada de leões em Botsuana, a gravidade da situação se mostra terrivelmente clara.

O fim da civilização está próximo. Com a ajuda da ecologista Chloe Tousignant, Oz inicia uma corrida contra o tempo para alertar os principais líderes mundiais, sem saber se as autoridades acreditarão em um fenômeno tão surreal. Mas, acima de tudo, é necessário descobrir o que está causando todos esses ataques, pois eles se tornam cada vez mais ferozes e orquestrados.

Em breve não restará nenhum esconderijo para os humanos...


Resenha


É um livro ótimo, já começa com uma história interessante, passando pelo suspense e pela ficção científica. Jackson Oz é um biólogo que acredita que o mundo está prestes a entrar em colapso, devido ao CAH, ou seja, Conflito entre Animais e Homens. 

Ele já vem pesquisando essa área e tomando dados há muitos anos, mas quase ninguém acredita nele, até começarem os ataques... Ele viaja até Botsuana, onde um grupo de leões têm se comportado de forma totalmente contrária aos seus instintos. Ou seja, as leoas sumiram dos bandos e muitos leões machos reunidos começam a atacar os turistas, pelo simples prazer de matar, não por fome ou por sentirem-se ameaçado. 

O mais intrigante é que leões machos não andam em grupos de mais de quatro e, nessa ocasião, estavam em maior número. Enfim, aos poucos mais ocorrências aparecem ao redor do mundo e a história vai se encaixando de maneira bem interessante. 

É um pouco perturbador por que a explicação que ele dá para o fenômeno pode encaixar-se perfeitamente nos dias de hoje... Leitura recomendada! Não dá muito “medo”, dá pra ler de luz apagada, mas é ótimo! ;)


Avaliação: ★★★★★


"O mundo estava se tornando um zoológico, mas sem jaulas." (p. 15)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Título original: Fahrenheit 451
Tradução: Cid Knipel
Editora: Globo
Publicação da edição lida: 2012
Primeira publicação: 1953
Páginas: 193 (tempo de leitura estimado no e-book: 2h30)
Adaptação: Filme de 1966 (trailer)


Sinopse

Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.

Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.

Um clássico de Ray Bradbury, "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.



Resenha


Como bem explicado na sinopse, o cenário do livro é uma sociedade futura onde o conhecimento é entendido como uma praga a ser combatida. As pessoas são proibidas de ter livros em casa e coisas simples como conversar com um amigo ou passear e apreciar a natureza são vistas como excentricidades.

É um livro muito interessante e um pouco aterrador, pois se pararmos para pensar, muitas coisas que ocorrem no livro já estão presentes no nosso tempo, ainda que de forma menos explícita. Todos os personagens têm uma vida superficial, estando sempre expostos a estímulos audiovisuais. Pode ser pelo uso de uma concha nos ouvidos, recebendo todos os tipos de informações - de músicas a comerciais, de forma ininterrupta. Ou através da "família" que está presente 24 horas por dia nos televisores instalados nas 4 paredes da sala.

Uma forma de diversão para os personagens do livro é correr altas velocidades de carro tarde da noite, sozinho ou com amigos, inclusive menores, pelo simples prazer do risco de morte. A vida não tem um valor significativo e pensar a respeito de si mesmo, ter senso crítico ou compartilhar e debater opiniões são atitudes fora do normal.

Guy Montag é o protagonista e começa a enfrentar uma crise existencial no momento em que conhece Clarisse, uma jovem apreciadora da natureza e de boas conversas com seu tio. Montag é um bombeiro. O detalhe é que nesse mundo os bombeiros não apagam incêndios e, sim, iniciam-os. Eles têm o dever de queimar a casa inteira na qual algum livro for encontrado, pois é crime ter e ler livros.

A leitura não é muito fluente e existem algumas partes bem abstratas, mas vale muito a pena. Principalmente se pararmos para analisar as semelhanças com o momento no qual vivemos. Pois hoje, na era digital, somos bombardeados de informações de todos os lados e, sinceramente, quanto tempo dedicamos para pensar sobre nossas vidas, sonhos, defeitos, enfim, para sermos críticos? Quanto tempo dedicamos às pessoas ao nosso redor, para conhecê-las, compartilhar momentos reais e não simples postagens de Facebook? 



Avaliação: ★★★★



"Cada homem é a imagem de seu semelhante e, com isso, todos ficam contentes, pois não há nenhuma montanha que os diminua, contra a qual se avaliar. Isso mesmo! Um livro é uma arma carregada na casa vizinha. Queime-o. Descarregue a arma. Façamos uma brecha no espírito do homem." (p. 75 )

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A Máquina do Tempo - H.G. Wells

Título original: The Time Machine
Tradução: Fausto Cunha
Editora: Livraria Francisco Alves Editora S.A.
Publicação da edição lida: 1981
Primeira publicação: 1895
Páginas: 99 (tempo de leitura estimado no e-book: 1h)
Adaptação: Dois filmes. Um de 1960 (trailer) e outro de 2002 (trailer), sendo que o primeiro é muito mais fiel ao livro que o segundo.

Sinopse

A Máquina do Tempo: a mais espantosa das invenções, capaz de levar seu criador a uma viagem surpreendente através de milhares de anos de transformações sobre a Terra. Novos seres ocupando a superfície e as entranhas do planeta, vivendo numa incrível civilização do futuro, onde a luta pela vida é implacável. O final dos tempos e a agonia do sistema solar com o colapso de nossa estrela, prestes a explodir.

Uma história de aventura e emoções inimagináveis, esta obra também é uma reflexão sobre os valores de nossa sociedade e sobre o mundo que construímos hoje.


Resenha

É um livro simples, que envolve o leitor pela curiosidade de descobrir o desfecho dessa incrível viagem. Ao contrário do que estamos acostumados a pensar, o futuro narrado pelo Viajante do Tempo (personagem principal) não é cheio de tecnologias. Ao contrário, trata mais das relações humanas e de que como o ser humano evoluiu, mas para algo que não parece ser melhor que a atualidade.

O Viajante do Tempo viaja para o ano de 802.701 (oitocentos e dois mil setecentos e um). Óbvio que é impossível prever como será esse futuro a partir de hoje, se é que o mundo ainda existirá! Alguns acreditam que o livro faz uma leve apologia ao comunismo, o que não concordo. Apesar de, no início, parecer que as pessoas vivem em igualdade, logo se descobrirá que a triste realidade não é essa.

O livro vale a pena, tanto por ser um clássico quanto por nos fazer pensar em como a espécie humana tem nas mãos a chave do futuro e talvez lhe falte sabedoria para transformá-lo em um lugar melhor.

A avaliação não foi de 5 estrelas, por que realmente não é um livro extraordinário, porém gostei de ler.


Avaliação: ★★★★


"Surge e cresce um novo sentimento, oposto ao ciúme conjugal, oposto à maternidade feroz, oposto às paixões de qualquer natureza. Essas coisas se tornam desnecessárias, pois só serviriam para complicar a vida, resquícios bárbaros e incômodos numa existência agradável e refinada."

(p. 36)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O Escaravelho do Diabo - Lúcia Machado de Almeida

Título original: O Escaravelho do Diabo
Editora: Ática (Série Vaga-lume)
Publicação da edição lida: 1985
Primeira publicação: 1972
Páginas: 130 (tempo de leitura estimado no e-book: 2h30min)
Adaptação: Filme com lançamento previsto para dezembro/2015 (leia a notícia)

Sinopse

Vítimas ruivas recebem um escaravelho antes de serem mortas. É a única pista que Alberto tem para chegar àquele estranho criminoso. Selecionado para o Programa Nacional de Biblioteca da Escola em 1999. 


Resenha

Um livro bem simples, mas muito bem escrito. Acredito que muitos adolescentes dos anos 80/90 se depararam com essa leitura na escola. Em que pese ser um livro curto, a estória é muito bem trabalhada e dá gosto de ler. O final não é previsível, algo que às vezes acontece em livros considerados "melhores" ou até mesmo em alguns best-sellers.

Conforme a sinopse, as vítimas - sempre ruivas - recebem um escaravelho, dias antes de sua morte, sendo que cada inseto possui um significado. Alberto, irmão da primeira vítima, é quem se dedica à resolução dos crimes, junto com o Inspetor Pimentel. Durante todo o livro ficamos nos questionando quem é o assassino, pois todos têm e ao mesmo tempo não têm álibi para o momento dos crimes.

A motivação dos mesmos, assim como seu autor, só é desvendada no final, e de forma esclarecedora.

Enfim, é um livro adolescente e singelo, porém bem escrito e muito aprazível! 

Recomendo a leitura, principalmente para quem gosta do gênero policial.


Avaliação: ★★★★★


E Alberto sentiu-se subitamente invadido por uma onde de ternura 
que envolvia tudo, criaturas e coisas, como se o mundo, 
com suas alegrias e dores, grandezas e misérias, formasse apenas 
um coração. Um grande e único coração...

(p. 125)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

No Coração da Floresta - Emily Murdoch

Título original: If You Find Me
Tradução: Maryanne Linz
Editora: Agir Now
Publicação da edição lida: 2015
Páginas: 272 (tempo de leitura estimado no e-book: 2h40min)

Sinopse

E se tudo o que você soubesse fosse uma mentira? E se a pessoa que deveria te proteger não tivesse condições nem mesmo de cuidar de si mesma? Carey é uma jovem de 15 anos com uma história de vida difícil. Levada às escondidas pela mãe para um parque nacional quando ainda era uma criança, tudo o que ela e a irmã menor conhecem é a floresta. Elas só têm uma a outra, considerando que a mãe, viciada em drogas e mentalmente instável, muitas vezes desaparece por dias sem fim. É durante um desses sumiços que repentinamente as meninas se vêem diante de dois estranhos, que as tiram da floresta e as levam para um mundo novo e surpreendente de roupas, meninos e aulas. Agora Carey precisa enfrentar a verdade por trás do seu passado e decidir se vale a pena revelar um terrível segredo, que, caso descoberto, pode colocar em risco a segurança e a nova vida das duas irmãs. No coração da floresta foi indicado a inúmeros prêmios, como a Carnegie Medal em literatura, e seus direitos foram vendidos para 8 países. Primeiro livro de Emily Murdoch, recebeu a seguinte crítica estrelada do Booklist: “Um livro cheio de dor e esperança. Uma estreia surpreendente.”



Resenha (com pequenos spoilers)

Sobre a narrativa em si, me pareceu bem fluente, cheia de detalhes, o que facilita muito a imaginação! É um livro um tanto quanto poético, com ensinamentos que a protagonista Carey nos transmite ao longo da estória. 

Conta a vida de duas irmãs, negligenciadas pela mãe que é viciada em anfetaminas, que vivem em um velho trailer numa floresta. A mãe as afastou de todos, culpando o pai de Carey por esta separação. É um livro cheio de mistérios que são resolvidos quase no final, mas o desenrolar da estória é muito interessante.

Carey, com 15 anos, tomou para si a responsabilidade de cuidar da pequena Jenessa, sua irmã de 7 anos. Elas são inseparáveis e o amor que nutrem uma pela outra é inspirador. Numa manhã, as meninas deparam-se com a presença de uma assistente social e de um homem que foram a sua procura para levá-las à cidade. Explicam que receberam uma carta da mãe das meninas, na qual alega não possuir mais condições de cuidá-las.

Assim, as meninas partem para uma nova vida, onde admiram-se ao conhecer coisas tão cotidianas para nós, como água encanada, uma boa cama e um espelho. A estória se desenrola conforme o passado vai sendo revelado.

A meu ver é uma linda estória, com passagens muito delicadas e sensíveis. O final, para alguns, pareceu em aberto, mas eu acredito que o desfecho ficou subentendido. Um livro que nos faz refletir sobre as oportunidades que temos e, muitas vezes, não valorizamos o suficiente.

Recomendo a leitura!


Avaliação: ★★


"A gente recebe o que merece, Carey. Algumas vezes somos os que recebem, outras vezes, os que dão."
(Joelle) - p.244

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Príncipe Caspian (As Crônicas de Nárnia) - C. S. Lewis

#2 (Ordem de Publicação) #4 (Ordem Cronológica)
Título original: Prince Caspian (The Chronicles of Narnia)
Tradução: Paulo Mendes Campos
Editora: Martins Fontes
Publicação da edição lida: 1997
Primeira publicação: 1951
Páginas: 215 
Adaptação: Filme "Príncipe Caspian", lançado no Brasil em 2008 (veja o trailer)

Sinopse


Tempos difíceis abateram-se sobre a terra encantada de Nárnia. Os dias de paz e liberdade, em que os animais, anões, árvores e flores viviam em absoluta paz e harmonia, estavam terminados. A guerra civil dividia o reino, e a destruição final estava próxima. O príncipe Cáspian, herdeiro legítimo do trono, decide trazer de volta o glorioso passado de Nárnia. Soprando sua trompa mágica, ele convoca Pedro, Suzana, Edmundo e Lúcia para ajudá-lo em sua difícil tarefa.


Resenha

A linguagem é de fácil compreensão, tal como nos outros volumes da série. A narrativa é fluente e os capítulos são curtos. 

Em que pese ser um livro considerado infantil, Príncipe Caspian traz abordagens interessantes sobre a vida como um todo. De acordo com a sinopse, um ano se passou desde a aventura vivida pelos irmãos Pevensie em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa". Em Nárnia, porém, o tempo corre diferente e, lá chegando, percebem que passaram-se séculos desde que foram Reis e Rainhas.

Durante a estória, conhecemos o personagem Caspian, um menino um tanto quanto imaturo, que vive com seu tio, atual Rei de Nárnia. Caspian tem adoração pela história da antiga Nárnia, onde haviam animais falantes, centauros, dríades, faunos e outros tantos seres mitológicos vivendo em plena harmonia.

A atual Nárnia pertence tão somente aos homens, descendentes dos telmarinos. Até mesmo os anões foram renegados ao esquecimento! Para os novos narnianos tudo não passa de lenda, mas para Caspian torna-se seu sonho provar que esse passado foi verdadeiro.

Os irmãos Pevensie percorrem o mundo mágico em busca de respostas, pois se foram trazidos para Nárnia novamente, foi por alguma razão. Eles então encontram alguns antigos habitantes, os convencem de que são os Reis e Rainhas por direito e embarcam numa aventura para trazer à vida a antiga Nárnia, juntamente com Caspian.

Alguns temas cristãos são abordados, como é costume em todas as Crônicas da série. A principal referência, a meu ver, é em relação à Aslam. Inicialmente apenas Lúcia consegue vê-lo, possivelmente por ser a mais inocente das crianças. Seus irmãos não acreditam que Aslam esteja presente e relutam para acreditar na palavra de Lúcia.

O final é bem interessante e as crianças voltam para o mundo real, com pesar no coração, pois terão de abandonar esse mundo encantado onde são personagens tão importantes e no qual viveram tantas experiências.

Recomendo a leitura, assim como o restante das Crônicas!



Avaliação: ★★★★★




"Não seria medonho se um dia, no nosso mundo, os homens se transformassem por dentro em animais ferozes, como os daqui, e continuassem por fora parecendo homens, e a gente assim nunca soubesse distinguir uns dos outros?"

(Lúcia) - p. 405 (Volume Único)

Vale lembrar que As Crônicas de Nárnia podem ser lidas a partir de sua Ordem Cronológica ou, preferencialmente, a partir de sua Ordem de Publicação.



Ordem de PublicaçãoOrdem Cronológica
O Leão, a Feiticeira e o Guarda-RoupaO Sobrinho do Mago
Príncipe CaspianO Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
A Viagem do Peregrino da AlvoradaO Cavalo e seu Menino
A Cadeira de PrataPríncipe Caspian
O Cavalo e seu MeninoA Viagem do Peregrino da Alvorada
O Sobrinho do MagoA Cadeira de Prata
A Última BatalhaA Última Batalha

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Will & Will - John Green e David Levithan

Título original: Will Grayson, Will Grayson
Tradução: Raquel Zampil
Editora: Galera Record
Publicação da edição lida: 2013
Primeira publicação: 2010
Páginas: 266 (tempo de leitura estimado no e-book: 3h15min)
Prêmios Recebidos: Prêmio Milwaukee County - Livro Adolescente (2011), Prêmio Stonewall - Livro de Honra (2011), Nominado para o Goodreads Choice - Livro YA (Young/Adult) (2010), entre outros.

Sinopse

Em uma noite fria, numa improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Mas mesmo circulando em ambientes completamente diferentes, os dois estão prestes a embarcar em um aventura de épicas proporções. O mais fabuloso musical a jamais ser apresentado nos palcos politicamente corretos do ensino médio.






Resenha

Não é meu gênero favorito (Young Adult/Adolescente), mas é uma leitura prazerosa. A linguagem é simples e acessível e a leitura é fluente. Os capítulos são curtos e contados dos pontos de vista de cada Will, intercaladamente. 

Conforme a sinopse, a estória trata do encontro de dois adolescentes com o mesmo nome: Will Grayson. Desde o início é fácil envolver-se com os personagens, pois acredito que a descrição dos mesmos e a desenvoltura da estória chamam a atenção do leitor.

De um lado, um garoto tímido, cujos lemas de vida são: "não se importar com nada" e "manter a boca fechada". De outro, um adolescente problemático e depressivo, com dificuldades de relacionamento. O primeiro tem como melhor amigo Tiny Cooper que, a meu ver, chama mais atenção durante o decorrer do livro que os dois personagens principais. O segundo Will tem como "amiga" a menina Maura. Entre aspas por que, na verdade, ela é mais colega que amiga, de acordo com o próprio Will.

O livro aborda questões adolescentes como namoro, amizade, paixões, vida escolar, descobertas e expectativas. Gira em torno do preparativo de um musical relativo à vida de Tiny Cooper e ao amor em todas as suas formas. Em dado momento da estória, ambos Will encontram-se e, a partir daí, fazem parte um do mundo do outro.

O final do livro deixa a desejar, apesar de subentendido. De qualquer forma, é um bom livro, mas com uma estória fantasiosa demais, que não condiz muito com a realidade. Penso isso talvez por que eu já não esteja no ensino médio há muito tempo ou talvez por que simplesmente a vida não é um mar de rosas. Ou seja, há muita coincidência nos fatos que acontecem no livro, embora alguns diriam que são obras do destino. 





Avaliação: ★★★★





"Mas com amigos, não tem nada assim. 
Estar em um relacionamento, isso é algo que você escolhe. 
Ser amigo, isso é simplesmente algo que você é."


(Tiny Cooper) - p.223