quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Eu, Robô - Isaac Asimov

Título original: I, Robot
Publicação original: 1950
Tradução: Jorge Luiz Calife
Adaptação: Filme de 2004 (veja o trailer).

Sinopse

Eu, robô é parte de uma das três grandes séries de Asimov: Robôs, Fundação e Império. Retoma uma das personagens principais, a grande roboticista Susan Calvin, e a faz contar, em retrospecto, histórias que resumem a evolução da robótica. 

A narrativa engenhosa conduz o leitor com um didatismo disfarçado: levados pela imaginação e pelo humor de Asimov, nem nos damos conta da lição de história da robótica que acabamos aprendendo. 

Entre a babá da primeira história e a Máquina, com maiúscula, que controla toda a Terra, na última, há ainda espaço para robôs que enlouquecem, que fazem piadas, que lêem pensamentos e até robôs orgulhosos de serem mais espertos do que os seres humanos... 

Eu, Robô também apresenta as três leis da robótica, outro alicerce da ficção científica. De acordo com elas, a primeira obrigação de um robô é proteger seres humanos, a segunda é obedecer às ordens de humanos e a terceira é se proteger. 

A aparente simplicidade esconde os numerosos conflitos que podem surgir, e servem de mote para mais de uma história. Eu robô foi adaptado para o cinema.


Resenha


Para um livro escrito em 1950, ele é muito atual. Eu estava com uma expectativa maior acerca de Asimov, por isso quero continuar lendo sua obra (provavelmente A Fundação). Porém, posso dizer que gostei de “Eu, Robô”. 

É uma coletânea de contos, que estão interligados. Na introdução, um repórter da Imprensa Interplanetária entrevista a Dra. Susan Calvin, uma robôpsicóloga altamente reconhecida. A partir daí, ela conta nove histórias sobre o mundo dos robôs (e seu aspecto humano), os quais vão evoluindo gradativamente conforme ela as narra. 

Apenas para contextualizar, Susan nasceu em 1982, no mesmo ano da criação da empresa US Robôs e Homens Mecânicos, gigante industrial da história humana. A Dra. Possui 75 anos, sendo, portanto, o ano de 2057. 

Uma crítica: há fortes traços machistas no livro. A Dra. Calvin é seguidamente destratada por seus colegas de trabalho, todos homens. Ela também é retratada sempre como uma pessoa inferior, em que pese sua memorável formação acadêmica e experiência profissional. Além disso, todos parecem estar sempre alterados, gritando entre si e agindo sem muita educação. 

É importante também conhecer as Três Leis da Robótica, que estão presentes em todos os robôs construídos com os cérebros positrônicos. São elas: 

1) Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal. 

2) Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a primeira Lei. 

3) Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis. 

Vou fazer um breve apanhado dos contos, para mostrar como são interessantes. 

1. Robbie: Conta a história de Robbie, um robô que não fala, comercializado a partir de 1996 e que era vendido para servir de babá. A história é muito linda, pois trata da amizade de Robbie com uma menina chamada Gloria. Apesar de ser um robô mudo, consegue demonstrar sentimentos, ainda que arcaicos, não sendo apenas uma simples máquina. A mãe de Gloria preocupa-se com o desenvolvimento da filha, que não convive com outras crianças, por preferir a companhia de Robbie. 

2. Brincadeira de Pegar. Conta a história de um robô um pouco mais evoluído que o primeiro, e seu nome é Speedy. Nesse conto, dois especialistas em robótica, Greg e Mike, estão numa missão interplanetária para coletar selênio. Speedy é um robô falante e já possui alguns dilemas morais em relação ao conflito entre as Leis da Robótica. Gostei muito deste também. 

3. Razão. Greg e Mike estão em outra missão, desta vez com um robô ainda mais evoluído, chamado Cutie, que demonstra traços de arrogância e superioridade em relação aos seres humanos, passando a questionar sua existência e sua subordinação. É um conto um pouco angustiante.

4. Pegar o Coelho. Agora Greg e Mike descobrem que o robô Dave e seus 6 subordinados, quando não estão sendo vigiados, deixam o trabalho de lado e começam a realizar manobras militares. Quando os humanos se aproximam, voltam ao trabalho. Eles tentam então descobrir o motivo dessa mudança de comportamento. 

5. Mentiroso! Herbie é um robô que lê pensamentos e, nesse conto, a própria Dra. Calvin vivenciou a história. Já não bastassem robôs falantes e conscientes, imaginem um que lê pensamentos humanos! Certamente não será um mar de rosas. Ótimo conto também. 

6. Pobre Robô Perdido. O Robô Nestor 10, mentalmente instável, acaba por perder-se no meio de outros 62 robôs. Para ele, a 1ª Lei está modificada e, assim, pode ter tendências violentas em relação aos seres humanos. Dra. Calvin tenta resolver esse problema. 

7. Fuga! Agora há um problema político, uma disputa econômica entre a US Robôs e a Consolidated Robôs, com provável golpe por parte desta última. O robô em questão é Cérebro, que constrói uma poderosa nave interplanetária, na qual viajarão Mike e Greg. Cérebro é extremamente inteligente mas, conforme os robôs vão evoluindo, os dilemas morais e a superioridade também...

8. Prova. Este conto é interessantíssimo, pois um rival do candidato a prefeito Byerley espalha o rumor de que ele seja um robô humanóide. Para provar, querem que ele passe por diversos testes. A Dra. Calvin também está presente neste e demonstra uma incrível habilidade para entender os robôs daquela época.

9. Conflito Evitável. No último conto há uma tensão mundial, onde pequenos detalhes que podem dar início a uma “Guerra Final” da humanidade. O mundo não está mais dividido por nações e, sim, 4 regiões, cada uma controlada pelas Máquinas. As Máquinas atuam sempre em prol dos humanos, principalmente na esfera econômica. Assim, não existe mais fome e miséria no mundo. Entretanto, isso pode não ser tão bom assim. 

Enfim, vale muito a pena! 

Avaliação:★★★

"Talvez você deva dizer: que coisa maravilhosa! Lembre-se de que, afinal, de agora até o final dos tempos, todos os conflitos são evitáveis. De agora em diante, apenas as Máquinas são inevitáveis!"




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