domingo, 29 de maio de 2016

Perfume - Patrick Süskind

Edição: 2008
Editora: 
Record
Páginas:
218
Adaptação: Filme "Perfume - A História de Um Assassino" de 2006 (assista o trailer aqui)

Resenha

Perfume é um livro muito envolvente! Trata da história de Jean-Baptiste Grenouille, um garoto francês, que cresceu sem os pais, num orfanato, com regras muito rígidas. Até aqui, a história não difere de outras, muito comuns à época (Paris, século XVIII). 

Todas as pessoas possuem um cheiro próprio que os nossos pets, por exemplo, reconhecem. Porém, Jean-Baptiste nasceu sem cheiro corporal. Isso mesmo, ele não possui cheiro algum, seu corpo é, desde o nascimento, completamente inodoro.

Além disso, ele possui o sentido do olfato extremamente aguçado, algo que ninguém tem. Por isso, ele é capaz de sentir cheiros à distância, memorizá-los e revivê-los, sempre que se lembra deles. 

Essas características (e outras, de ordem psicológica, talvez) transformam Jean-Baptiste num garoto e, posteriormente, num homem, muito tímido e distante das pessoas, não possuindo nenhum relacionamento afetivo significante.

Jean-Baptiste é também incapaz de possuir sentimentos. Amor, ódio, paixão, tristeza, alegria, e muitos mais que estamos acostumados a sentir são apenas perda de tempo para nosso protagonista. Dessa forma, sua vida vai se desenvolvendo aos poucos. Ele trabalha com couros, depois começa a trabalhar com um famoso perfumista de Paris, onde aprende diversas técnicas de perfumaria. Aí, se dá conta de que encontrou o seu objetivo de vida.

O que ele mais almeja na vida, e talvez ambição seja o seu sentimento único, é produzir uma fragrância perfeita e jamais desenvolvida por ninguém. Só que os ingredientes comumente usados pelos perfumistas são muito simples para Jean-Baptiste. Ele busca algo diferente, algo mais verdadeiro, mais humano.

Eu pensei que o livro seria de mais suspense e talvez um pouco de terror, mas na verdade ele é um drama muito bem escrito. Podemos entrar na cabeça do personagem e nos admirar da maneira como ele conduz sua vida e suas experiências. 

O final do livro é incrível e surpreendente, pois conseguimos compreender qual foi o verdadeiro desejo de Jean-Baptiste durante sua inacreditável jornada. Vale muito a pena ler, recomendo a todos!

Avaliação: ♥♥♥♥♥
Ben Whishaw, interpretando Jean-Baptiste Grenouille

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O Demonologista - Andrew Pyper

Edição: 2015
Editora:
Darkside Books
Páginas:
328
Adaptação: Há rumores de que será gravado um filme em breve, tendo como diretor Robert Zemeckis, o mesmo de Forrest Gump (1994) e da trilogia De Volta Para o Futuro (1985-1990).

Resenha


Este livro foi divulgado como sendo um "filho" de: O Exorcista (William Peter Blatty) com O Código da Vinci (Dan Brown). Eu amei os dois livros citados, em especial O Exorcista, sendo para mim um dos melhores livros de terror já escritos.

Porém, em O Demonologista, não encontrei quase nada de terror. Ou por eu já estar acostumada com o medo na literatura e nada mais me atinja, ou por simplesmente haver sido uma jogada de marketing muito bem realizada pela Darkside, que é uma editora maravilhosa.

O livro é lindo. Apesar de eu ter lido a versão digital, tive a oportunidade de manusear um físico. A lombada é apresentada como se fosse "gasta", para dar a impressão de um livro que foi muito usado. A capa é dura e muito linda, com detalhes que chamam a atenção. As poucas fotos internas também são perturbadoras, então, para os amantes do terror, é um livro que dá vontade de ter na estante.
 
Mas, quanto ao livro propriamente dito, eu esperava mais. Li várias resenhas a respeito, algumas pessoas adoraram e outras odiaram. Eu fiquei no meio termo. Levei umas duas semanas para ler, não me empolguei, a não ser no começo.
 
O livro conta a história de um professor, David Ullman, que é ateu, ou seja, não acredita no sobrenatural. Ao mesmo tempo, ele ganha a vida ensinando a seus alunos sobre demônios. Sim, ele é um especialista em demônios e o mal como um todo. Ele é um fã assíduo e  também estudioso do autor John Milton, que escreveu o clássico "Paraíso Perdido". Fiquei com muita vontade de ler esse livro de Milton, pois Pyper trouxe inúmeras referências dele em O Demonologista.
 
Assim, David é contratado por uma mulher misteriosa, a um preço muito elevado, para dar sua opinião de especialista a respeito de um fenômeno. Para tal missão, ele deve viajar para Veneza. Além da história de sua aventura, que me lembrou muito os livros de Dan Brown, conhecemos bastante a vida e os sentimentos de Ullman. Ele está com seu casamento desestabilizado e afastado emocionalmente de sua filha Tess. Assim, decide levá-la a Veneza.
 
Desde o avião que os levará até a Itália, David já começa a presenciar fatos que julga estranhos e que, depois, vai associar a algum demônio, embora relute muito para acreditar que de fato eles são reais. De qualquer forma, ao chegar no final do livro, eu não tive uma conclusão se David de fato acreditou na existência do mal na terra ou se foi tudo um jogo de sua própria mente.

Acredito que se eu ler o livro tentando me fixar mais nas entrelinhas, eu possa ter uma visão diferente e até melhor do mesmo, uma vez que ele ganhou prêmios nos Estados Unidos e no Canadá. Mas, para mim, é um livro mediano, 3 estrelas, talvez 3,5. Se eu tivesse comprado a edição física, ela ficaria linda na minha estante. 
 
Para mim, não foi um livro extraordinário, mas valeu a pena ler, até para atiçar a curiosidade sobre o livro Paraíso Perdido. Talvez alguém que já tenha lido Milton antes possa compreender melhor a cabeça do professor Ullman.
 
Enfim, não recomendaria o livro aos amantes do terror. Na verdade, a ninguém. Mas, como sempre, valeu a experiência a leitura!
 
 
Curiosidade: John Milton (Cheapside, Londres, 9 de dezembro de 1608 — Bunhill, Londres, 8 de novembro de 1674) foi um poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês da Comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell, servindo como ministro de línguas estrangeiras. Ele escreveu em um momento de fluxo religioso e agitação política, e é mais conhecido por seu poema épico Paraíso Perdido (1667), escrito em verso branco. (Fonte: Wikipedia)

Lúcifer, em ilustração de Gustave Doré para o Paraíso Perdido, de Milton.