terça-feira, 30 de junho de 2015

Misery (Louca Obsessão) - Stephen King

Título original: Misery
Tradução: Elton Mesquita
Editora: Suma de Letras
Publicação desta edição: 2014 
Primeira publicação: 1987
Páginas: 326
Prêmios Recebidos: Prêmio Bram Stoker para melhor romance (1987); Concorreu ao Prêmio World Fantasy para melhor romance (1988)
Adaptação: Filme "Louca Obsessão", lançado no Brasil em 1992 (veja o trailer)

Sinopse

Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. 



A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegarão ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, em Misery – Louca obsessão, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo. 


Resenha

Como todos os livros de King, na minha opinião, este também é extraordinário. Angústia é o sentimento que melhor define a leitura do livro. Um livro com a linguagem simples, leitura rápida e viciante. Deixa o leitor, sem dúvida, esperando um final feliz para o pobre escritor Paul Sheldon.

Conforme a sinopse, Paul Sheldon sofre um acidente automobilistico e é resgatado pela enfermeira Annie Wilkes, que diz ser sua "fã número um". Até aí tudo bem, não fosse o fato de Annie ser uma psicopata cruel. No último livro da série "Misery", Paul Sheldon matou a personagem principal, que também se chama Misery, fato este que não foi aceito por Annie. Assim, após resgatar e estar cuidando de Paul, ela exige que ele escreva um novo livro, único e exclusivo a ela, onde Misery esteja viva.

Paul, então, agarra-se à sua única chance de sobrevivência: escrever um nove romance para a série que, com tanto alívio, havia finalizado. O que ocorre, porém, é que Paul está extremamente debilitado, incapaz de mover as duas pernas, ou seja, não pode sair do quarto onde Annie o mantém trancado e vigiado. Além disso, pelas dores insuportáveis, Paul necessita do remédio Novril, no qual acaba se viciando.

Novamente, "até aí tudo bem", afinal bastaria que Paul escrevesse um livro que agrade à Annie e poderia ir para casa, feliz. Mas não, essa não é a realidade! Annie é uma ex-enfermeira insensível e violenta, com um passado horripilante, como Paul descobrirá, e que começa a torturá-lo física e psicologicamente, deixando-o sem alternativa a não ser sobreviver dia após dia naquele martírio sem fim.

Outro aspecto interessante do livro é a forma como se dá a relação entre Paul e Annie, na qual ambos fazem parte de um jogo psicológico, no qual uma simples palavra, ou olhar, pode-se transformar em um arrependimento!

Vale a pena a leitura! Recomendo!





Avaliação: ★★★★★





"Os escritores lembram-se de tudo, Paul. Especialmente dos sofrimentos. Mande um escritor tirar a roupa e aponte para cada cicatriz e ele lhe contará a história de cada uma delas. As maiores acabam virando livros, não amnésia. Para ser um escritor é preciso ter um pouco de talento, mas o único pré-requisito de verdade é a capacidade de lembrar a história de cada cicatriz."


(Paul) - p.244

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Médico e o Monstro - Robert Louis Stevenson

Título original: The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde
Tradutores: José Paulo Golob, Maria Angela Aguiar, Roberta Sartori
Editora: L&PM Pocket
Publicação: 2011 (escrito em 1886)
Páginas: 112

Sinopse

O Médico e o Monstro - As suspeitas começaram quando Mr. Utterson, um circunspecto advogado londrino, leu o testamento de seu velho amigo Henry Jekyll. Qual era a relação entre o respeitável Dr. Jekyll e o diabólico Edward Hyde? Quem matou Sir Danvers, o ilustre membro do parlamento londrino?

Assim começa uma das mais célebres histórias de horror da literatura mundial. A história assustadora do infernal alter ego do Dr. Jekyll e da busca através das ruas escuras de Londres que culmina numa terrível revelação.


Resenha

Considerado um dos clássicos do terror, juntamente com Frankenstein e Drácula, O Médico e o Monstro é um livro que mistura ficção científica e mistério. Escrito em 1886, sua linguagem é um pouco diferenciada, com palavras e expressões de época, mas nada que torne a leitura cansativa. Ao contrário, a leitura é agradável e prende o leitor, ansioso por descobrir quem são, afinal, Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

O autor é bastante detalhista, no que diz respeito às descrições das paisagens e dos personagens, tanto em seus atributos físicos como nos de suas personalidades. Isso é muito interessante, pois desenvolve na mente do leitor um ambiente imaginário rico em detalhes, o que torna a leitura ainda mais prazerosa.

A estória tem início em Londres, em algum momento do século XIX, quando Dr. Jekyll confia seu testamento a seu amigo, o advogado Utterson, deixando como beneficiário o misterioso Mr. Hyde. Ocorre que Mr. Hyde possui uma aparência única, dotada de alguma deficiência indescritível, que desperta medo e asco aos que o encaram face a face.

Mr. Utterson inicia por sua conta uma investigação para descobrir quem é Mr. Hyde e porque seu amigo, o notável Dr. Jekyll, resolveu deixar toda sua fortuna para um homem que entrou na sua vida tão repentinamente e que não parece ser merecedor de sua confiança.

É um livro muito interessante e, em que pese a linguagem de época, também muito atual. Isso porque expõe ao leitor um questionamento atemporal: o que vem a ser o bem e o mal? A estória tem pontos altos, que conduzem o leitor à resolução do mistério, mas ao mesmo tempo, o mistério é eterno. 

De um lado, o benevolente e honrado Dr. Jekyll, com sua vida regrada e bem vista pela sociedade. De outro, o malévolo e repugnante Mr. Hyde, escória da raça humana. Como duas pessoas tão diferentes podem ter algo em comum? E, ainda, que essa relação seja tão intensa? Estas e outras perguntas são respondidas parcialmente, pois a verdade nunca está clara quando se trata da bondade e da maldade do ser humano.

Leitura recomendada! Não é um terror que dê medo, mas é um suspense que prende o leitor, sem dúvidas.




Avaliação: ★★★★★


"Se cada um deles, dizia eu, pudesse habitar em identidades diferentes, a vida libertar-se-ia do que hoje se me afigura insuportável; o injusto poderia seguir o seu caminho, despojado das aspirações e do remorso do seu irmão gêmeo, mais reto; e o justo avançaria com segurança e firmeza pela sua senda ascendente, realizando as boas obras nas quais encontra prazer e sem se expor às desgraças e à penitência provocadas por esse espírito perverso e desconhecido. Esta era a maldição da humanidade: o fato desses dois ramos incongruentes estarem unidos com tanta força, que – nas agonizantes entranhas da consciência – estes gêmeos opostos lutavam continuamente entre si."


(Dr. Henry Jekyll) - p.62


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Fantasmas - Dean Koontz


Título original: Phantoms
Tradutora: Maria Isabel de Araripe Macedo
Editora: Record
Publicação: 1983
Páginas: 461

Sinopse

Desde sua chegada a Snowfield, pequena e pacata estação de inverno, Jenny e sua jovem irmã Lisa sentiram uma impressão de calma estranha, sobrenatural. O primeiro cadáver que descobrem na casa é o de Hilda, a caseira. Os olhos arregalados de terror, a boca paralisada num grito, a carne negra e empolada. A casa vizinha está deserta, o jantar ainda quente na mesa, o estéreo toca uma sinfonia de Beethoven…

Aterrorizadas, as duas jovens correm à padaria em busca de auxílio: sobre o balcão, duas mãos seguram pelas pontas um rolo de pastel. Duas mãos humanas, decepadas. Um calafrio percorre a espinha de Jenny e de Lisa. Oculto pelas trevas, alguém ou alguma coisa as espia.


Resenha

Jenny é uma jovem mulher, médica, e que não mantinha relações próximas com sua mãe. Quando do falecimento desta, Jenny torna-se responsável por sua irmã mais nova, a adolescente Lisa. As duas nunca tiveram um relacionamento fraterno, uma vez que Jenny raramente as visitava. Porém, diante de tudo o que ambas passaram ao decorrer da estória, certamente seus laços afetivos tornaram-se firmes e insubstituíveis.

Tudo começa quando as duas retornam à cidade, ao fim da tarde, onde Jenny vive, Snowfield. Ao chegarem na cidade percebem que paira no ar um silêncio anormal, sepulcral. Não há pessoas nas ruas, nem animais, nem ruídos de quaisquer espécie.

Chegando em casa, as irmãs deparam-se com a governanta Hilda, morta ao lado da bancada onde havia iniciado os preparativos para o jantar. Jenny, ao examinar seu corpo, não localiza nenhum ferimento ou trauma que possa ter causado sua morte, tampouco evidências de que a mesma tenha ocorrido em virtude de alguma moléstia. O corpo está uniformemente pisado, algo que Jenny jamais viu em sua carreira ou sequer imaginou que pudesse ocorrer.

Intrigada, dirige-se à casa vizinha e lá encontra a mesa do jantar posta, os alimentos ainda quentes, porém nenhuma pessoa, viva ou morta. Parece que tudo foi abandonado às pressas. Intrigada, Jenny visita outras casas e estabelecimentos e se dá conta de que os habitantes que não foram mortos, desapareceram sem deixar pista alguma.

Porém, as irmãs sentem uma presença invisível, algo que parece estar observando-as das sombras nas ruas, nos becos, nas casas, à espreita. É uma presença maligna, sentem, mas sem ideia do que seja. Jenny decide ligar para a delegacia da cidade vizinha e, assim, outros policiais chegam para ajudá-las a descobrir o que aconteceu e está acontecendo em Snowfield.

Diversos acontecimentos no decorrer do livro deixam o leitor intrigado, tentando adivinhar que presença é essa que afeta os sobreviventes de Snowfield. É uma estória de suspense e terror muito bem escrita, onde o desconhecido se torna o medo maior do leitor. Lembra muito "O Chamado de Cthulhu" de H.P. Lovecraft, em relação aos sentimentos durante a leitura, ou seja, inquietude, curiosidade, ansiedade, medo. Os capítulos são curtos e a leitura não cansativa e bem fluente.

É uma ótima leitura! Recomendo a todos que gostam de terror, suspense e fatos sobrenaturais. Ou seriam naturais? ;)




Avaliação: ★★★★★


"O espírito humano civilizado... não consegue se livrar de uma sensação do fantástico."


(Dr. Fausto, Thomas Mann) - p.3